Ensaio | O que é a estupidez?
A estupidez não é uma capacidade cognitiva, ou ausência dela, que tenha interessado muito à investigação científica. É curioso que tal aconteça, pois não errarei muito em considerar que muitos dos males deste mundo resultam deste fenómeno. Podemos fazer uma distinção entre tomadas de decisão que podem ser consideradas estúpidas, mas que o seu autor, de imediato, admite que houve erro e corrige (se possível), aprendendo com o erro – todos passamos por situações destas. Nos casos em que a tomada de decisão é frequentemente errada e o próprio não o reconhece, naturalmente, não aprende com o erro, e como o erro é frequente é essa mesma frequência que lhe acrescenta credibilidade e o aumenta por contaminação para situações idênticas.
Importa, sobretudo, procurar uma forma científica, do ponto vista da estrutura cognitiva individual, de olhar para a questão da estupidez. Importa também integrar o conceito numa lógica de relação daquilo que parece ser o seu contrário, ou seja, a inteligência. Embora o significado etimológico das duas palavras não aponte no sentido de seremconceitos contrários, a verdade é que o senso comum assim o admite. Por outro lado, como ônos relata Jean-François Dortier (em 2018), o professor de informática do Colégio de França terá dito numa entrevista, em 2016, que o computador é completamente estúpido. Será possível dizer isso?
Nota: Pode ler o conteúdo na íntegra na edição impressa da revista Visão de 6 de março de 2025.