Sara Silva Pereira distinguida com Medalha de Honra L'Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência
Os Prémios L'Oréal-UNESCO para mulheres cientistas visam promover a posição das mulheres na ciência ao reconhecer investigadoras de destaque que contribuíram para o progresso científico. Sara Silva Pereira, investigadora do Católica Biomedical Research Centre (CBR), é uma das 4 contempladas com esta distinção em 2024.
As Medalha de Honra L'Oréal Portugal são atribuídas por um júri de peritos de renome internacional que com este prémio distingue e incentiva algumas das mais jovens e promissoras cientistas, em início de carreira, em Portugal. Entre dezenas de candidatas, um júri presidido por Alexandre Quintanilha escolheu, para além da Sara, 3 outras jovens cientistas a trabalhar em instituições nacionais: Cláudia Deus, do Instituto Multidisciplinar de Envelhecimento da Universidade de Coimbra; Laetitia Gaspar, do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra; e Mariana Osswald, do i3S da Universidade do Porto. Sara Silva Pereira lidera o laboratório “Interações Parasita-Vasculatura” do CBR, que se dedica ao estudo do parasita Trypanosoma e das suas interações com os vasos sanguíneos do organismo hospedeiro.
Sara Silva Pereira, 30 anos, jovem investigadora do CBR, o Centro de Investigação Biomédica da Faculdade de Medicina da Universidade Católica Portuguesa, foi distinguida com uma medalha de honra L´Oréal Portugal. A cerimónia de atribuição do prémio teve lugar no Centro Cultural de Belém, Lisboa, a 5 de junho de 2024.
No laboratório “Interações Parasita-Vasculatura” do CBR, a equipa de investigadores liderada pela Sara quer perceber como é que os parasitas interagem com os tecidos de diferentes partes do corpo, causando doenças graves em animais e humanos. Sara propõe-se desenvolver modelos tridimensionais de vários órgãos e tecidos de diferentes espécies animais - como o cérebro, o coração ou o tecido adiposo - que imitem os ambientes microscópicos dos tecidos reais, de forma controlada, para poder estudar detalhadamente várias doenças parasitárias que afetam humanos e aniais. “No nosso laboratório temos já um modelo de vasculatura artificial que usamos para estudar a forma como alguns parasitas se agarram aos nossos vasos sanguíneos e, neste projeto, vamos adaptá-lo para o tornar mais complexo e versátil, aplicável a novos contextos.”
A investigação no seu grupo foca-se especificamente no Trypanosoma congolense, um parasita tropical que infeta o gado bovino, e pode gerar uma doença cerebral aguda muito grave, devido à interação dos parasitas com um tipo específico de células do sistema imunitário – as células T CD4+. “Vamos desenvolver um modelo ou sistema que imita a barreira hematoencefálica do gado bovino, de forma a conseguirmos investigar como a doença acontece e, com essa informação, procuraremos descobrir formas de tratar ou, pelo menos, reduzir a sua gravidade.”
Mas a Sara e a sua equipa não ficam por aqui. Pretendem alargar as suas observações a parasitas da mesma família– a família dos Trypanosomatidae, protozoários responsáveis por várias doenças em animais e zoonoses, como a Leishmaniose, a doença do Sono e a doença de Chagas. O objetivo é aumentar o que se sabe sobre o comportamento dos parasitas e as respostas dos hospedeiros – humanos e não humanos – no contexto de inúmeras doenças parasitárias, incluindo aquelas que chegam aos seres humanos pelo contacto com animais infetados (zoonoses). As zoonoses têm um impacto na saúde humana que é particularmente relevante em zonas onde há estreita ligação entre humanos e animais, como acontece nas economias agrárias ou nos locais com uma indústria pecuária forte. Um caso interessante é o da leishmaniose canina, uma doença incurável que constitui um problema de saúde pública em Portugal. Um estudo de 2021 sobre a seroprevalência e fatores de risco associados à infeção por Leishmania, estimou que 12,5% dos cães em Portugal estejam infetados com este parasita - quase o dobro dos 6,3% apurados em 2009. Embora os cães não infetem diretamente os humanos, a transmissão pode ser feita através da picada de mosquitos que, antes, picaram cães infetados e transportam consigo o parasita.
Categorias: Centro de Investigação Biomédica da Cátolica
Qui, 06/06/2024